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Blog da Cintia Cercato

Você sabe quanto suas emoções influenciam no que você come?

Cintia Cercato

23/02/2018 04h00

Comer emocional

Crédito: iStock

Já parou para pensar o que faz você comer do jeito que você come? Muitos fatores influenciam nossas escolhas alimentares, como a sensação de fome, a recompensa que algum alimento pode trazer, convenções sociais, hábitos aprendidos na família e memória de experiências prévias.

A regulação do apetite é bastante complexa e envolve diversas regiões cerebrais. Com o avanço de pesquisas em neuroimagem está sendo possível desvendar quais regiões cerebrais são relacionadas a determinados comportamentos. Além disso, podemos estudar como gatilhos ambientais influenciam o que comemos.

Um comportamento frequentemente relatado é o chamado comer emocional. São pessoas que acabam comendo exageradamente e fazendo escolhas mais recompensadoras como alimentos ricos em açúcar e gordura em resposta a emoções negativas, como tédio, ansiedade, tensão, raiva ou tristeza. Um exemplo clássico é quando temos um dia extremamente difícil e chegamos em casa e pensamos: "Hoje eu mereço", e acabamos comendo a barra inteira do chocolate.

Pesquisas recentes mostram que a região da amígdala cerebral está bastante relacionada a esse comportamento. A área é conhecida como nosso centro de emoções. Foi demonstrado que indivíduos com alto nível de estresse crônico aumenta a atividade dessa região cerebral e isso se correlaciona com o comer emocional.

Existe uma associação clara entre comer emocional e obesidade. Pesquisas mostraram que mulheres com excesso de peso ou obesidade têm maiores escores em questionários que avaliam o comer emocional. Claro que pessoas com peso normal também podem ter esse comportamento, mas ele é nitidamente mais comum nos indivíduos mais obesos. Outra pesquisa que acompanhou um grupo de pessoas por dois anos mostrou que quem tinha mais comer emocional comia mais calorias ao longo do dia e acabou ganhando mais peso durante o trabalho científico.

A importância de classificar o comportamento alimentar está relacionada à possibilidade de tratamentos mais direcionados. Alguns deles, sejam farmacológicos, sejam comportamentais, têm sido testados em pessoas com comer emocional. Mas ainda são estudos pequenos e é importante haver mais pesquisa na área.

De qualquer forma, como a regulação do apetite é complexa, é válido entender como as emoções influenciam as escolhas alimentares para cada um.
Algumas questões podem ajudar você a conhecer melhor se as suas emoções afetam sua alimentação. São elas:

  • Você come quando se sente ansioso?
  • Quando se sente triste, frequentemente come demais?
  • Quando se sente tenso ou estressado, frequentemente sente que precisa comer?
  • Quando se sente solitário, se consola comendo?
  • Se você se sente nervoso tenta se acalmar comendo?
  • Quando se sente depressivo quer comer?

É importante se conhecer, para conseguir mudar seus hábitos. Pense nisso!

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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