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Blog da Cintia Cercato

Você ronca? Isso pode aumentar seu cansaço e por em risco seu coração

Cintia Cercato

15/06/2018 04h00

Crédito: iStock

Você é do tipo que ronca muito alto? Os outros reclamam que não conseguem dormir do seu lado, chegando até a trocar de quarto? Já acorda cansado? Fique atento! Você pode ter a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, condição muito comum em pessoas com obesidade. Quanto maior o peso, maior o risco. Além disso, também afeta mais homens e pessoas com idade.

Durante o sono ocorre um relaxamento dos músculos da garganta e isso leva ao estreitamento ou fechamento das vias aéreas, com consequente queda do oxigênio no sangue. O corpo tenta se defender, roncos e engasgos acontecem para abrir as vias aéreas, e nesse momento, também pode acontecer um microdespertar, fragmentando o sono. A pessoa pode até não ter consciência de que tudo isso está acontecendo enquanto dorme, mas seu corpo sofre uma série de consequências.

Uma delas é a sonolência diurna excessiva, que acontece por conta do excesso de pausas respiratórias e microdespertares, fazendo com que o sono não seja reparador. Sim, a pessoa cochila em qualquer lugar! Vendo TV, sentado numa sala de espera ou até dentro do carro, no trânsito. Por essa razão, pessoas com apneia do sono tem sete vezes mais chance de acidentes automobilísticos. A sensação de cansaço é tanta que a produtividade no trabalho cai, a memória fica fraca e a disposição para as atividades habituais é mínima. Quem tem vontade de fazer as coisas quando fica assim? Alguns casos acabam até tendo o diagnóstico errado de depressão, mas, na verdade, o que elas precisam mesmo é de uma boa noite de sono para recarregar as energias!

Mas essa não é a única consequência. Pela redução da oxigenação do sangue a noite, ocorrem alterações na dinâmica vascular, com aumento dos batimentos cardíacos, maior chance de arritmia e aumento da pressão arterial. A falta de oxigênio também prejudica a ação da insulina no organismo, o que favorece o desenvolvimento de diabetes do tipo2. Assim, pessoas com apneia do sono têm um risco cardiovascular bem mais alto do que o restante da população.
O grande problema é que, apesar de ser uma condição relativamente comum, é muito pouco diagnosticada e tratada.

Será que tenho o problema?

A simples medida da circunferência do pescoço pode ajudar a pensar nesse diagnóstico. Uma medida maior do que 38 cm para mulheres, e de 43 cm para os homens, representa uma alta no risco de ter a apneia do sono. Claro que são necessários outros métodos para o diagnóstico, como uma história médica cuidadosa, além de um exame de polissonografia realizado durante o sono. Mas medir a circunferência do pescoço pode ser uma pista!

Se você se identifica com o que foi escrito aqui, procure seu médico! Tratar a apneia do sono melhora muito a qualidade de vida, além de reduzir a chance de doenças crônicas como pressão alta, diabetes e doenças do coração.

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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