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Blog da Cintia Cercato

Tratar o hipotireoidismo reduz a mortalidade dos portadores

Cintia Cercato

10/08/2018 04h00

Crédito: iStock

O hipotireoidismo é uma condição bastante comum, afeta 2% da população mundial. Em nosso meio a principal causa é a tireoidite de Hashimoto, uma inflamação crônica de tireoide de causa autoimune. Existe uma predisposição genética para o desenvolvimento dessa condição, que é bem mais comum em mulheres e aumenta com o avanço da idade.

Há uma série de complicações metabólicas associadas ao hipotireoidismo como aumento do colesterol, hipertensão arterial e maior risco cardiovascular. A terapia de reposição com hormônios de tireoide costuma melhorar as complicações metabólicas e pode teoricamente ter um impacto na sobrevida dos portadores de hipotireoidismo. Não existe muita dúvida disso para a população de adultos, mas existe um pouco de controvérsia para pessoas idosas com hipotireoidismo leve. Para avaliar essa questão, pesquisadores de Taiwan avaliaram de forma retrospectiva o risco de mortalidade geral em uma grande população de idosos (> 65 anos de idade) e o impacto da reposição hormonal com a levotiroxina (hormônio de tireoide) na redução da mortalidade geral.

Essa pesquisa foi recentemente publicada na revista The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism. Os pesquisadores avaliaram o banco de dados de saúde do país e compararam 2029 portadores de hipotireoidismo com 20290 não portadores da mesma idade e sexo. A presença de hipotireoidismo foi associada a um aumento de 82% no risco de mortalidade geral. Quando comparada a população portadora de hipotireoidismo que recebeu tratamento com a população idosa que não recebeu, os pesquisadores encontraram que o tratamento foi associado a uma redução de 43% na mortalidade geral. Eles concluíram com essa pesquisa que o hipotireoidismo é um fator independente de mortalidade geral e que o seu tratamento está associado com menor risco de mortalidade em pessoas com mais de 65 anos de idade.

Os principais sintomas do hipotireoidismo incluem sonolência, cansaço, intestino preso, intolerância ao frio, pele seca, humor deprimido. O diagnóstico é realizado através de exames de sangue e o tratamento tem por objetivo trazer a função tireoidiana para o estado normal- chamado de eutiroidismo. A utilização de doses excessivas de hormônio de tireoide pode trazer riscos e, portanto, o tratamento só deve ser prescrito e acompanhado pelo médico.

Referência bibliográfica: Association of Hypothyroidism with All-cause Mortality: A Cohort Study in an Older Adult Population. Huei-Kai Huang, Jen-Hung Wang, Sheng-Lun Kao. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 2018.

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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