Estresse aumenta a busca por alimentos gordurosos, apontam pesquisas
A obesidade é uma doença multifatorial. A genética tem um papel muito importante e diversos estudos já confirmaram isso, mas, com as grandes mudanças ao redor do globo, nossa rotina foi alterada e vários fatores ambientais tem sido implicados na epidemia. O estresse, por exemplo, é um sentimento que pode levar ao ganho de peso.
Pesquisas indicam que o estresse influencia o consumo alimentar — estudos em roedores e em humanos indicam que a emoção pode tanto aumentar quanto diminuir o apetite. De maneira interessante, estudos experimentais com animais em laboratório mostram que o estresse reduz o apetite, mas se o animal for exposto a alimentos palatáveis, ricos em açúcar e gordura, ele acaba comendo mais e ganhando peso. Em humanos, foi demonstrado que situações estressantes podem desencadear uma busca por alimentos prazerosos- aquilo que chamamos de "comfort food", em português, "comida conforto".
Isso porque quando estamos estressados, existe a elevação de um hormônio chamado CRH que além de aumentar a liberação do cortisol — hormônio responsável pela emoção — que acaba modulando a ação da dopamina numa região cerebral envolvida em prazer, chamada sistema de recompensa. A ativação desse sistema faz com que haja forte motivação para buscar alimentos saborosos. Uma pesquisa com mais de 65.000 pessoas acima de 50 anos demonstrou que aqueles que relataram altos níveis de estresse apresentavam maior ingestão de lanches ricos em gordura e maior consumo de refeições em fast foods.
Mas o estresse não afeta apenas adultos. Evidências crescentes apontam que um ambiente inadequado precocemente na vida, pode afetar a saúde muitos anos depois. Danos emocionais no início da vida, como interrupção precoce da relação mãe-filho, abuso infantil ou negligência modificam as vias de estresse e aumentam o risco de ganho de peso durante toda a vida. Uma grande pesquisa demonstrou que crianças que sofreram muitos eventos negativos na vida tinham maior probabilidade de serem obesas aos 15 anos de idade.
Atualmente existem evidências de que até mulheres grávidas que tiveram eventos estressores durante a gestação acabam reprogramando a resposta ao estresse do feto. As crianças nascidas nessas condições acabam tendo maior produção crônica de cortisol e maior chance de se tornarem obesas na infância e na idade adulta.
Assim, podemos perceber como a obesidade é uma doença multifatorial e complexa, onde a vulnerabilidade para o ganho de peso pode ocorrer tão precocemente e depender de fatores ambientais difíceis de controlar.
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