Obesidade na infância: a prevenção começa no útero
Nas últimas décadas tem sido alarmante o aumento de obesidade entre crianças e adolescentes em todo o mundo. No Brasil entre 1975 e 2016 houve um aumento de dez vezes na prevalência de obesidade e hoje em dia 9,4% das meninas e 12,7% dos meninos estão obesos. Uma revisão bem recente avaliou diversos fatores de risco para o desenvolvimento de obesidade em crianças e muitas evidências sugerem um importante papel de fatores pré-natais, ligados ao período gestacional.
O peso corpóreo da mãe já é capaz de influenciar o futuro peso do bebê. Assim, hoje em dia consideramos a obesidade materna um importante problema de saúde pública, uma vez que está bem determinada a relação entre o peso da mãe durante a gestação e o peso do filho na infância e adolescência. As mulheres grávidas devem ser informadas sobre a importância de começar a gravidez com um IMC na faixa normal (18,5 a 24,9 kg/m2) para reduzir o risco de excesso de peso na prole. Mas os papais também precisam ficar atentos no que a balança mostra. Algumas pesquisas tem encontrado que o peso do pai durante a concepção também afeta o risco de obesidade nas crianças.
Hoje em dia sabemos também que o estilo de vida da gestante terá grande influência na saúde da criança. Mulheres que exageram na alimentação e ganham muito peso e também aquelas que,ao contrário, restringem muito a dieta e ganham pouquíssimo peso acabam favorecendo quilos extras para os filhos. Outros hábitos que sabidamente aumentam o risco de obesidade na infância são o tabagismo e o consumo de álcool durante a gestação. Esses hábitos influenciam a nutrição do feto e como defesa há maior expressão de genes acumuladores de energia. Assim, essas crianças terão mais facilidade de estocar as calorias consumidas, justamente por conta de um ambiente uterino que foi bem desfavorável.
Outro fator mais recentemente estudado é o uso de antibióticos durante a gravidez. Seu uso tem sido associado ao aumento do peso ao nascer do bebê. Além disso, exposição a antibióticos na gravidez esteve associado a um risco de 26-29% de aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade da criança em idade escolar. Acredita-se que a exposição aos antibióticos afeta a composição da flora intestinal do recém nascido, favorecendo uma menor diversidade de bactérias, favorecendo o ganho de peso. Assim, o uso de antibióticos na gestação deve ser criterioso, evitando o uso indiscriminado.
Diante de todas essas evidências fica cada vez mais claro que a prevenção da obesidade infantil começa no útero!
Referência Bibliográfica
– Larquê E et al. From conception to infancy — early risk factors for childhood obesity. Nature Reviews Endocrinology 2019 (15):456–478.
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