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Blog da Cintia Cercato

Os hábitos alimentares que ajudam a reduzir o risco de pedras nos rins

Cintia Cercato

30/08/2019 04h00

Reduzir o consumo de sal ajuda a reduzir o risco de ter pedras nos rins | Crédito: iStock

Quem já teve concorda. Uma crise de pedra nos rins não é brincadeira. Uma em cada 11 pessoas forma um cálculo em algum momento da vida. Mais da metade daqueles que tiveram uma crise vão ter novamente outra no prazo de 5 a 10 anos. O pior é que levantamentos populacionais mostram que esse é um problema que vem crescendo nas últimas décadas.

Existem alguns fatores que tornam uma pessoa mais susceptível a desenvolver cálculos nos rins do que outras. E talvez aí esteja a explicação para o crescimento desse problema ao longo dos anos. Uma condição bastante associada é a obesidade, grande epidemia do século, mas também existem outros problemas implicados no maior risco de formar pedras nos rins.  Hipertireoidismo, problemas nas paratireoides, gota, síndrome de má absorção intestinal e uso de certos medicamentos podem favorecer a formação desses indesejáveis cálculos.

Certos hábitos alimentares também podem piorar a situação. Tomar pouca água, comer muita carne, comer poucas frutas e verduras e abusar no sal acabam favorecendo o problema.

Assim, uma recomendação universal para prevenir cálculos renais é manter um alto consumo de líquidos. Uma pesquisa com quase duzentos participantes que apresentavam crises renais de repetição avaliou justamente o efeito dessa orientação no risco de ter novas crises. Um grupo foi orientado a aumentar o consumo de líquidos para produzir um volume de urina de pelo menos 2 litros por dia e o outro grupo recebeu apenas orientações gerais. Ao final de cinco anos de acompanhamento a taxa de recorrência de crises do grupo que ingeria mais liquido e acabava urinando mais foi de 12% ao passo que, no outro grupo, as novas crises ocorreram em 27% dos participantes. Mas é importante ressaltar que nem todos os líquidos conferem os mesmos benefícios. Pelo menos três pesquisas grandes indicaram que o alto consumo de bebidas açucaradas aumenta a chance de formação de cálculos. Então, o melhor a fazer é beber água.

O elevado consumo de sódio aumenta a excreção de cálcio na urina. Algumas pesquisas indicam que restringir o sal da dieta pode reduzir a chance de novas crises. O abuso de sal é um problema em nosso meio. A recomendação da organização mundial de saúde é manter um consumo em torno de 2 g de sódio ou 5 gramas de sal por dia, mas infelizmente o brasileiro anda consumindo 12 g de sal por dia! Boa parte desse excesso de sal vem de alimentos ultraprocessados, então fique sempre atento ao rótulo. Usar mais ervas e especiarias e reduzir o sal no preparo dos alimentos de casa também é uma boa estratégia.

Reduzir carne, mesmo as carnes brancas,  também pode ser útil em alguns casos, pois o consumo excessivo pode reduzir o pH da urina e aumentar a excreção de cálcio e de ácido úrico.

Se você sofre com esse problema, não deixe de perguntar ao profissional de saúde que lhe atende quais hábitos alimentares devem ser adotados no seu caso.

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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