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Blog da Cintia Cercato

Dificuldade para controlar a tireoide? Saiba o que pode estar atrapalhando

Cintia Cercato

31/01/2020 04h00

iStock

Hipotiroeidismo é uma condição bastante frequente. É a doença mais comum da tireoide e acomete 2% da população geral e chega a 15% em pessoas acima de 60 anos de idade, sendo sete vezes mais comum nas mulheres do que nos homens.

O tratamento padrão é a reposição do hormônio de tireoide – a levotiroxina. Pesquisas têm indicado que 20 a 50% dos pacientes têm dificuldade de controlar a função tireoidiana de forma adequada, fazendo com que precisem fazer vários ajustes de dose e repetições de exames. Assim, é fundamental que as pessoas saibam o que pode interferir na absorção da medicação, incluindo alimentos, interação com outros remédios e doenças gastrointestinais.

  1. Uma das causas mais comuns de dificuldade de ajuste é o uso irregular do medicamento.O medicamento deve ser ingerido todos os dias, sem falhas.
  2. Não troque de marcas. Apesar das diversas marcas possuírem bioequivalência, é importante evitar a troca mesmo entre genéricos, pois pode alterar o controle.
  3. A absorção da levotiroxina é reduzida se for tomada junto com alimentos, particularmente alimentos ricos em fibra, leite, café ou certas frutas como mamão papaia. Assim, o remédio da tireoide deve ser tomado em jejum, com água. Espere pelo menos meia hora para tomar o café da manhã.
  4. Durante a gestação, o aumento da progesterona leva ao retardo do esvaziamento gástrico e maior prolongamento do trânsito intestinal, além de modificação dos transportadores do hormônio no organismo. Assim, quando engravidar, procure o médico, pois será necessário ajustar a dose do hormônio.
  5. Uso de hormônios, como anticoncepcional ou terapia de reposição hormonal da menopausa, são causas frequentes de necessidade de ajuste de dose da levotiroxina. Ao iniciar um desse tratamentos será necessário alterar a dose do remédio da tireoide.
  6. O hormônio é principalmente absorvido no intestino delgado e cirurgias com exclusões de parte do intestino, como a bariátrica, podem afetar a absorção, sendo necessário o aumento da dose.
  7. O pH ácido é importante para a absorção da levotiroxina. Assim, doenças como gastrite atrófica, gastrite crônica ou uso de remédios como omeprazol, que inibe a produção ácida do estômago, podem afetar a absorção do hormônio.
  8. Quem tem intolerância a lactose ou doença celíaca pode precisar de doses maiores de levotiroxina. Às vezes, se você está usando o remédio de forma bem correta e vem apresentando necessidade de uso de doses altas de hormônio para regular a tireoide, pode ser necessário descartar essas condições.
  9. Infecção pelo Helicobacter Pylori e giardíase também podem atrapalhar a absorção da levotiroxina. A erradicação da bactéria e do parasita resolvem o problema.
  10. Vários medicamentos podem interferir na absorção: antiácidos, sulfato ferroso, ciprofloxacina (tipo de antibiótico), raloxifeno (remédio para osteoporose), orlistate (remédio para obesidade) e simeticona (remédio contra gases). Avise sempre ao seu médico todos os medicamentos que faz uso.

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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