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Transtornos alimentares aumentam o risco de depressão e suicídio

Cintia Cercato

22/06/2018 04h00

Crédito: iStock

Transtornos alimentares como anorexia nervosa, bulimia e TCA (Transtorno da Compulsão Alimentar) estão cada vez mais comuns. Eles costumam afetar 13% das mulheres e são caracterizados por cronicidade, recaídas, angústia, prejuízo no funcionamento social e aumento do risco de obesidade futura, depressão, suicídio, e abuso de substâncias.

Dentre esses transtornos, o mais comum é o TCA, que chega a afetar 30% das pessoas com obesidade. Alguns preditores para o desenvolvimento desse transtorno tem sido identificados. A pressão social para magreza, por exemplo, foi observada como um fator de risco em meninas adolescentes. Essa pressão aliada a insatisfação corporal, a internalização de um ideal de magreza e a tendência a excessos alimentares, aumentam o risco.

Estudos tem demonstrado também que baixos níveis de serotonina no cérebro parecem estar implicados, levando ao mau funcionamento das vias que regulam o apetite e a saciedade.

A presença do transtorno alimentar frequentemente vem associada a outros problemas psiquiátricos como depressão, transtorno de personalidade, TOC (Transtorno Obsessivo-compulsivo) e alcoolismo. Por essa razão, é muito importante identificar a presença do TCA, para que seja realizada uma abordagem mais ampla do ponto de vista de tratamento.

De acordo com o mais recente Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o diagnóstico do Transtorno da Compulsão Alimentar requer a identificação de cada um dos seguintes critérios:

1. Episódios de compulsão alimentar nos quais o paciente come, dentro de um período de 2 horas, uma quantidade de alimentos que é definitivamente maior do que aquela que a maioria das pessoas comeria em período de tempo e condições semelhantes. Durante os episódios de compulsão, os pacientes sentem que não têm controle sobre a situação. Eles não conseguem parar de comer ou controlar a quantidade de comida ingerida.
2. Os episódios de compulsão apresentam pelo menos três das seguintes características:
• Comer mais rápido que o normal.
• Comer até sentir-se desconfortavelmente cheio.
• Comer grandes quantidades de alimentos quando não se tem fome.
• Comer sozinho por causa da vergonha provocada pela quantidade de alimentos consumidos.
• Sentir-se enojado de si mesmo, deprimido ou com intensa sensação de culpa depois de comer demais.
3. Os episódios devem ter ocorrido ao menos uma vez por semana nos últimos três meses.
4. Não há comportamentos compensatórios inadequados, como aqueles observados na bulimia nervosa, como provocar vômitos, utilizar laxantes ou diuréticos ou praticar atividade física excessiva com a intenção de compensar o consumo alimentar excessivo.

Uma vez realizado o diagnóstico, é fundamental a instituição de tratamento. O objetivo é reduzir o número de episódios compulsivos, além de tratar outros possíveis transtornos associados. Em geral, o tratamento envolve psicoterapia e uso de medicamentos.

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Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre o blog

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