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O tamanho do prato faz mesmo você comer mais?

Cintia Cercato

03/05/2019 04h00

Crédito: iStock

Você já reparou que restaurantes de comida  por quilo oferecerem pratos bem grandes? Pode acreditar que não é ao acaso. O simples tamanho do prato pode, sim, determinar o quanto comemos.

A regulação do apetite é bastante complexa e depende de vários fatores, e não apenas dos sinais de fome que o nosso corpo envia para o cérebro. Se o prato é muito grande, acabamos por completar mais o prato e, portanto, a porção que nos servimos é bem maior e acabamos exagerando nas calorias consumidas.

Um estudo australiano investigou o tamanho dos pratos e tamanho das porções e, utilizando modelos matemáticos, os pesquisadores concluíram que o tamanho do prato afetou as calorias disponíveis em uma refeição. Assim, os cientistas sugeriram que comer em pratos menores poderia ser uma estratégia útil para ajudar as pessoas a comer menos e prevenir o ganho de peso.

No entanto, é importante ressaltar que esses achados não são consistentes em todos os estudos. Uma revisão sistemática considera ainda precoce a recomendação de comer em pratos pequenos como ferramenta para melhorar a saúde da população geral.

Talvez, o mais correto seja oferecer porções menores. São várias as pesquisas que demonstram que quanto maior a porção, maior é o consumo. Você acredita que até o tamanho da mordida muda?

Uma pesquisa evidenciou que, ao oferecer porções maiores, as pessoas comiam 2,4 gramas a mais do alimento a cada garfada!

Eu sempre fico impressionada com o tamanho da pipoca no cinema. Lembro-me da minha adolescência, quando era vendido um saquinho bem modesto de pipoca ao lado da bilheteria e lembro também que a maioria das pessoas ficava bem contente com aquela porção.

Hoje, quando frequento uma sala de cinema, fico chocada com o que chamam de "porção pequena" de pipoca! Fora os baldes cheios de manteiga com o apelo "refil free": coma à vontade e repita quantas vezes quiser. E fazem o mesmo com o refrigerante…

Fica claro o quanto o contexto externo nos faz comer mais, independentemente da percepção de fome ou mesmo do prazer do consumo em si, mas talvez por achar que estamos obtendo outras vantagens.

Se eu comprar o sanduíche e pagar só um pouquinho a mais, ganho uma porção de batatas fritas grande! Obviamente o prazer que está sendo alimentado aqui não é o de comer. A percepção de "vantagem econômica" do coma mais e pague menos acaba sendo uma grande desvantagem em longo prazo, quando o peso na balança aumentar junto com complicações metabólicas.

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Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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