Conheça as etapas do processo de emagrecimento e como otimizar o resultado
Cintia Cercato
08/11/2019 04h00
Crédito: iStock
Você já sabe que a obesidade é uma doença crônica, multifatorial e super complexa. A perda de peso está associada a uma série de benefícios para a saúde, mas não é tarefa fácil para quem sofre desse problema.
Além disso, o maior desafio no tratamento da obesidade é conseguir manter a perda de peso em longo prazo. Já falamos aqui que perda de peso modesta já traz uma série de benefícios, então comece colocando metas possíveis de serem atingidas e tenha em mente manter essa meta ao longo dos anos.
Pesquisas já indicaram que é considerado sucesso perder no mínimo 10% de seu peso e o manter ao longo dos anos. Por exemplo, se você pesa 90 kg, coloque como meta atingir 81 kg e tenha como objetivo manter esse novo peso ao longo da vida. Um dos problemas é que a maioria das pessoas planeja metas muito arrojadas e acaba desanimando, começando e parando o tratamento, tendo como consequência o famoso "efeito sanfona".
Entenda as fases do processo de emagrecimento e quais estratégias podem ser úteis para ter mais sucesso.
1- Fase de perda de peso ativa: ocorre nos primeiros 4-6 meses de tratamento. Aqui é importante definir a meta de 10% de perda de peso. Essa é uma meta específica, fácil de mensurar e relevante para a saúde. Algumas atitudes ajudam o sucesso dessa etapa como o automonitoramento da dieta. Nessa etapa, fazer diário alimentar e contar calorias através de um aplicativo pode ajudar no resultado. É importante realizar uma pesagem semanal para acompanhar a evolução. Um importante estudo de mudança intensiva de estilo de vida demonstrou que a perda de peso no início do tratamento é um importante indicador para o sucesso em longo prazo. Nessa pesquisa, perder mais que 2% do peso no primeiro mês e perder mais que 6% no segundo mês aumentou a probabilidade de alcançar uma redução de peso clinicamente significativa no oitavo ano de acompanhamento.
2- Fase do efeito platô: costuma ocorrer em até um ano após o início do tratamento. Mesmo mantendo a dieta e a atividade física, as pessoas param de emagrecer. Isso acontece porque o corpo se defende do emagrecimento. Um estudo importante mostrou que para cada 1 kg de peso perdido ocorre um aumento da fome proporcional a 100 kcal e uma redução do metabolismo de 30 kcal. Nessa fase, o exercício deve ser priorizado, tanto o aeróbico quanto o resistido, preservando a massa muscular e aumentando o gasto energético.
3- Fase de manutenção: como obesidade é uma doença crônica, a manutenção também deve ser contínua. Nessa fase vale a pena estabelecer um "peso alerta" como, por exemplo, 2-3Kg acima do peso mínimo. O ideal é monitorar o peso 2 vezes por semana. Se estiver se aproximando do peso alerta, é importante reforçar as mudanças adotadas ao longo do processo. Várias pesquisas já demonstraram que a balança é uma boa aliada da manutenção de peso.
Conte com a ajuda de profissionais de saúde durante todo o processo de emagrecimento. Além de poder contar com uma orientação individualizada, mais adequada ao seu estilo de vida, pesquisas indicam que quanto maior o contato com a equipe de saúde melhores são os resultados.
Sobre a autora
Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
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