Férias? Criança na cozinha pode incentivar uma alimentação saudável
Cintia Cercato
13/12/2019 04h00
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Não há dúvidas que comer frutas e vegetais é essencial para uma dieta balanceada. As recomendações atuais para um consumo considerado ótimo, associado a uma redução de risco de doenças crônicas, devem ser de no mínimo 400g, o que equivale a cinco porções ao dia. Esse hábito deve ser incentivado o quanto antes. Pesquisas mostram que crianças e adolescentes apresentam um consumo de menos da metade do esperado. O pior é que o baixo consumo de frutas e vegetais está associado a comportamentos de maior risco, como maior consumo de refrigerantes e maiores taxas de sedentarismo, contribuindo ainda mais para o risco de doenças como obesidade e diabetes tipo 2 na idade adulta.
Uma queixa comum de muitos pais é que a criança não gosta de legumes e torce o nariz para um verdinho no prato. Mas para que a criança crie o hábito de incluir esses alimentos na dieta é muito importante que ela sinta prazer no seu consumo. Certamente criar uma guerra na hora das refeições é a pior alternativa. Fazer ameaças do tipo "se não comer a salada não ganha sobremesa" só aumenta a aversão pelas verduras.
Mas como aumentar o prazer da criança pelo brócolis ou pela cenoura, por exemplo? A psicologia tão utilizada em marketing tem sido agora estudada para ajudar nesses problemas. Um grupo de pesquisadores avaliou o chamado "efeito IKEA". Esse efeito baseia-se em produtos do fabricante sueco IKEA de "faça você mesmo" e propõe que as pessoas valorizam objetos criados por elas mesmas e sentem maior satisfação do que com objetos criados por outras pessoas, porque elas dedicaram mais esforço na sua elaboração.
No campo da culinária esse efeito tem sido estudado em relação ao prazer obtido com o consumo de um alimento preparado pela própria pessoa. Um estudo descobriu que as crianças comem mais um determinado alimento, quando elas participam da sua preparação. Mas é importante que a criança tenha a autonomia e liberdade na escolha dos ingredientes e forma de preparo, do que simplesmente seguir a instrução restrita de uma receita.
É preciso que essa experiência do preparo seja divertida e prazerosa. Uma pesquisa recente conseguiu comprovar que quando as crianças são envolvidas no planejamento e preparo dos legumes e verduras junto com seus pais elas acabam gostando mais de comer e consomem mais esses tipos de alimentos.
Assim, se o seu filho está dando trabalho para comer determinados alimentos que são importantes para uma boa saúde, que tal aproveitar as férias para envolvê-los em atividades divertidas na cozinha?
Sobre a autora
Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
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