Conheça o impacto que a atividade física traz para pessoas acima dos 60
Cintia Cercato
21/02/2020 04h00
iStock
Quanto tempo você tem dedicado à realização de exercícios? Diretrizes nacionais e internacionais recomendam que os adultos realizem pelo menos 150 minutos de atividade física moderada a vigorosa por semana. Mas infelizmente um terço da população mundial não atinge essa recomendação, particularmente entre adultos mais velhos.
E esse grupo de pessoas tem crescido felizmente pelo aumento de expectativa de vida da população. O número de indivíduos acima de 60 anos foi estimado em 2017 como sendo de 962 milhões e estima-se que esse número irá duplicar até 2050, quando são esperados 2,1 bilhões.
Esse grupo é particularmente suscetível às consequências da inatividade física, condição essa associada a ganho de peso e desenvolvimento de doenças crônicas. O sedentarismo é responsável por 21-25% dos casos de câncer de mama e de intestino, 27% dos casos de diabetes e 30% das doenças isquêmicas do coração.
Uma pesquisa recente avaliou uma série de estudos envolvendo atividade física em pessoas acima dos 60 anos demonstrando claramente o impacto sobre a saúde:
- Redução de 28% da mortalidade por todas as causas em pessoas acima de 60 anos. Foi demonstrado efeito dose dependente, ou seja, quanto mais ativos, menor a mortalidade.
- Redução de 12% de câncer de mama quando comparadas às pessoas mais ativas em relação às menos ativas.
- Maior saúde musculoesquelética com redução de 29% no risco de fraturas (punho, quadril e coluna).
- Redução de 49% do risco de incapacidade para realizar as atividades básicas da vida diária fundamentais para autonomia do idoso.
- Redução de 14% a 21% no risco de todos os tipos de demência, sendo que é consistente a proteção que a atividade física traz para o desenvolvimento de Alzheimer. Nesse caso, pesquisas indicam que realizar 150 minutos de atividade física em pessoas com 70-80 anos reduz em 40% o risco do Alzheimer.
- Redução de 21% no risco de depressão entre aqueles mais ativos em relação aos menos ativos fisicamente.
A pesquisa também demonstrou alguns benefícios com níveis abaixo do recomendado, como a realização de pelo menos 75 minutos de atividade física por semana. Assim, os autores da pesquisa defendem que idosos inativos podem começar a realizar pequenos aumentos na atividade física visando uma meta mais fácil de ser atingida e, aos poucos, progressivamente incorporar mais exercícios na sua rotina diária.
Se estiver inativo, procure mudar essa situação. Os benefícios são inúmeros. Mas cuidado: não queira virar atleta da noite para o dia. Busque ajuda de profissionais de saúde para uma recomendação individualizada.
Sobre a autora
Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
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