Até quantos cafezinhos por dia fazem bem à saúde?
Cintia Cercato
28/02/2020 04h00
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Café é a bebida mais consumida em todo o mundo depois da água. É uma bebida complexa que possui muitos componentes, sendo que a cafeína é a mais conhecida. Ela é rapidamente absorvida, atingindo concentrações máximas em meia hora a duas horas após seu consumo. A duração dela no corpo é variável, pois sua metabolização depende de vários fatores, o que pode explicar porque algumas pessoas são mais sensíveis aos efeitos de um cafezinho do que outras.
Por exemplo, o fumante metaboliza a cafeína mais rápido. Já durante a gravidez, a cafeína pode demorar três a quatro vezes mais tempo para ser eliminada. A genética também tem aqui o seu papel, em que variações no gene de enzimas que metabolizam a cafeína podem determinar o tempo que essa substância vai ficar circulando no corpo.
E afinal, qual o efeito da cafeína no nosso organismo? Basicamente ela aumenta a liberação de transmissores excitatórios. Isso quer dizer que em doses baixas (50-200 mg) nos deixam mais alertas, com mais energia e sensação de bem estar, melhorando inclusive a nossa memória.
No entanto, doses muito altas, acima de 400 mg ao dia podem ter efeitos negativos como ansiedade, nervosismo, insônia e taquicardia. Imagine o que pode acontecer em uma pessoa geneticamente mais sensível ao café…
De um modo geral, uma ingestão diária de 300 a 400 mg ao dia é considerada segura para adultos. Já para crianças e adolescentes é considerado seguro o máximo de 100 mg ao dia, e para as gestantes esse valor não deve exceder 200 mg.
É importante lembrar que a cafeína não está presente apenas no café, mas também em outros produtos, como chás, refrigerantes e chocolates. Existe uma variação relacionada a marca do produto, tempo de infusão e modo de preparo.
Quantidade de cafeína nos alimentos e bebidas
- Café tradicional coado – 85 mg/125 ml (média: 60-135 mg)
- Café instantâneo – 65 mg/125 ml (média: 35-105 mg)
- Café descafeinado – 3 mg/125 ml (média 1-5 mg)
- Café expresso – 60 mg/30 ml (média: 35-100 mg)
- Chás – 32 mg/150 ml (média 20-45 mg)
- Chocolate quente – 4 mg/150 ml (média: 2-7 mg)
- Refrigerantes tipo "cola" – 39 mg/330 ml (média 30-48 mg)
- Bebidas energéticas – 80 mg/330 ml (média: 70-120mg)
- Chocolate amargo – 60 mg/30 g (média: 20-120mg)
- Chocolate ao leite 6 mg/30 g (média: 1-15 mg)
Sobre a autora
Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
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