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Coronavírus: entenda os cuidados que os diabéticos devem ter

Cintia Cercato

20/03/2020 04h00

iStock

Chegou o novo coronavírus ao Brasil e todos já ouviram falar que o grande problema é sua alta transmissibilidade, além do fato de que a população idosa e portadora de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, tem maior chance de desenvolver formas graves da doença.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais. O Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas nessa faixa etária, número que representa 13% da população do país. Dados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos brasileiros, que avalia pessoas acima de 50 anos, mostrou que duas em cada três apresentam mais de duas doenças crônicas e um terço delas apresenta mais de três doenças.  Assim, temos uma parcela de nossa população extremamente vulnerável a ter formas graves da doença.

Infelizmente tivemos a primeira morte confirmada pelo novo coronavírus essa semana. O paciente tinha 62 anos, diabetes e hipertensão. Por isso o cuidado com essas pessoas deve ser redobrado. Já sabemos que pessoas com diabetes tem um comprometimento da imunidade, e que são pessoas com maior risco de desenvolver síndromes respiratórias graves diante de um quadro de gripe, seja ela causada pelo coronavírus ou por outros agentes virais, como o influenza.

Levantamento epidemiológico da China indicou que a mortalidade pela covid-19 em pessoas com diabetes chegou a 7,3%, que é muito maior que 0,9% numa população sem nenhuma doença. Mas devemos lembrar que diabetes também é mais comum em pessoas de mais idade, que sabidamente tem uma imunidade mais comprometida e maior risco para complicações respiratórias.

Outra possibilidade que ainda está em investigação diz respeito a maneira como o vírus interage com as células da pessoa infectada. Um grupo de pesquisadores demonstrou que o coronavírus se liga às células-alvo através da ECA 2 (Enzima Conversora da Angiotensina 2), que é expressa em células do pulmão, intestino, rim e vasos sanguíneos.

Pessoas com diabetes apresentam um aumento da expressão dessa enzima, o que poderia facilitar a infecção pela covid-19 e favorecer formas mais graves da doença. Alguns medicamentos usados para tratar a hipertensão ou diabetes podem também influenciar essa enzima, mas ainda são necessários mais estudos para estabelecer se o uso deve ser descontinuado no caso de infecção.

Pessoas com diabetes devem seguir as recomendações de prevenção já tão divulgadas pelo Ministério da Saúde. Mas não podem esquecer que é muito importante ter a glicemia bem controlada para manter um bom funcionamento do sistema imune. Para isso, é fundamental ter uma alimentação balanceada, usar corretamente as medicações e realizar a monitorização da glicemia conforme orientação médica.

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Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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