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Como a quarentena pode afetar a saúde das crianças

Cintia Cercato

03/04/2020 04h00

iStock

A pandemia do coronavírus impôs uma série de mudanças na rotina das famílias em todo o mundo. E apesar de crianças não serem um grupo de risco para quadros graves da doença, elas podem apresentar outras consequências, como, por exemplo, piora dos hábitos de vida. Diversos países fecharam escolas e com isso é esperado um aumento de peso entre crianças e adolescentes.

Pesquisas anteriores já demonstraram que crianças ganham mais peso nas férias escolares do que durante o ano letivo, e o acompanhamento contínuo dessas crianças ao longo dos anos mostra que o peso que elas ganham nas férias é mantido ao longo do novo ano letivo.

Isso ocorre, pois em casa, de férias, as crianças acabam saindo da rotina, comendo mais guloseimas, piorando a qualidade da alimentação. Apesar de as crianças não estarem de férias, na atual pandemia, o necessário fechamento de escolas criou desafios em relação ao ambiente alimentar e prática de atividade física.

Confinadas em casa, as crianças estão menos ativas e cada vez mais ficando em frente a tela. Muitas escolas estão tentando garantir o aprendizado com aulas online e, como áreas comuns de prédios estão fechadas, videogame e TV acabam sendo atividades frequentes nessa época de quarentena.

Já é bem conhecida a relação entre tempo de tela e obesidade. Esse hábito contribui de duas maneiras para o excesso de peso, seja pelo maior tempo sedentário como também pelo fato de as crianças se alimentarem em frente a tela sem prestar atenção no que comem, consumindo mais calorias.

Além disso, as famílias têm procurado estocar alimentos não perecíveis nas prateleiras e estão comprando mais ultraprocessados e densos em calorias. Nesses tempos de isolamento chama a atenção que prateleiras de bolachas, salgadinhos, sucos de caixinha e macarrão instantâneo estão esvaziadas nos supermercados.

Muitos pais, mantendo trabalho em casa na forma de home office, acumulam ainda afazeres domésticos, e não é incomum ver famílias optando por alimentos prontos para o consumo.

Diante desse cenário, existe um maior risco de ganho de peso entre crianças e adolescentes. E sabemos que boa parte deles se tornará um adulto obeso, com maiores chances de desenvolver doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.

Mas como podemos proteger nossos filhos?

Criar rotina é essencial. Manter as crianças fazendo suas tarefas de escola no mesmo horário que normalmente tem aulas. Estabelecer horário e local para refeições e lanches, sem estar diante de telas.

As crianças também devem ser incentivadas a participar dos afazeres domésticos. É importante estabelecer, de acordo com a faixa etária, tarefas do cuidado com a casa, diminuindo a sobrecarga de trabalho aos pais. Isso pode ajudar a salvar um tempinho extra para o preparo de uma boa comidinha caseira, bem mais saudável.

Saúde a todos e fiquem em casa!

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Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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