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Blog da Cintia Cercato

Como diferenciar a ansiedade normal do Transtorno de Ansiedade Generalizada

Cintia Cercato

31/08/2018 04h00

Crédito: iStock

A cada ano nos Estados Unidos são diagnosticados cerca de 40 milhões de pessoas com transtornos ansiosos. É importante diferenciar a ansiedade do dia a dia —-uma vivência comum que pode aumentar a motivação e produtividade — do que podemos chamar de "ansiedade patológica". No segundo caso, a ansiedade é tão exagerada que provoca sofrimento e interfere nas atividades cotidianas da pessoa.

O Transtorno de Ansiedade Generalizada atinge cerca de 4,5% a 12% das pessoas ao longo da vida. Uma das principais características dessa condição é a preocupação persistente e excessiva que pode vir acompanhada de sintomas físicos como batimentos cardíacos acelerados, transpiração excessiva, insônia, cansaço, dificuldade de relaxar e dores musculares.

De acordo com a última edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), são considerados os seguintes critérios diagnósticos:

A. Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses e relacionada a inúmeros eventos ou atividades (exemplo: trabalho e desempenho escolar).

B. A preocupação é difícil de controlar.

C. A ansiedade e a preocupação estão associadas a três (ou mais) dos seguintes sintomas:
• Inquietação ou sensação de estar no limite;
• Cansar-se facilmente;
• Dificuldade de concentração ou sensação de "branco" na mente;
• Irritabilidade;
• Tensão muscular;
• Distúrbios do sono (dificuldade de iniciar ou manter o sono e sensação de sono não satisfatório ou reparador).

D. Os sintomas físicos, preocupação ou ansiedade causam sofrimento significativo ou mesmo incapacidade em atividades sociais ou de trabalho

E. O transtorno não pode ser atribuído a uma condição médica geral (por exemplo, hipertireoidismo), uso de substâncias (drogas ilícitas ou medicamentos) ou outro transtorno mental (como TOC ou fobia social por exemplo).

A causa do Transtorno de Ansiedade Generalizada parece depender de vários fatores e pesquisas identificaram alteração dos níveis de certos neurotransmissores no cérebro, como GABA e serotonina. Recentemente, um estudo experimental demonstrou que dieta rica em gordura –45% do valor calórico total da alimentação vinha de fontes de gordura — alterou a neurotransmissão via GABA e favoreceu sintomas ansiosos nos ratos.

Fatores psicológicos também tem um papel fundamental na gênese desse transtorno. É possível que exista também um componente genético. Em geral, pessoas que já têm familiares que sofrem de ansiedade generalizada possuem mais risco de desenvovler o problema.

Do ponto de vista de tratamento, é muito importante que a pessoa busque ajuda com um profissional de saúde mental. A psicoterapia é muito importante nesses casos e o tratamento farmacológico pode ser indicado em algumas situações.

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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