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Blog da Cintia Cercato

Relação cintura-altura indica maior chance de doenças metabólicas na mulher

Cintia Cercato

31/05/2019 04h00

Crédito: iStock

Diferenças entre os sexos na distribuição da gordura corporal são bem conhecidas. As mulheres têm, geralmente, maior obesidade em relação aos homens ao longo de todo o tempo de vida. No entanto, os homens muitas vezes têm mais tecido adiposo distribuído na região central ou abdominal (obesidade androide ou fenótipo "maçã"), o que acarreta um risco muito maior de problemas metabólicos como diabetes do tipo 2 , hipertensão arterial e esteatose hepática. Em contraste, as mulheres apresentam menos tecido adiposo visceral e mais tecido adiposo subcutâneo, especialmente no quadril e coxas (obesidade ginóide ou fenótipo "pera") apresentando menos complicações metabólicas.

No entanto, em mulheres na menopausa, que têm um declínio nos níveis de estrogênio, a gordura abdominal aumenta, resultando em uma mudança no sentido de uma distribuição de gordura para a região central (androide) associada ao aumento do risco cardiovascular. Outras situações podem favorecer o aumento da gordura abdominal nas mulheres. A mais comum delas é a síndrome dos ovários policísticos (SOP).

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das doenças endócrinas mais comuns, afetando 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva. As principais características da síndrome são a irregularidade menstrual, o excesso de hormônios masculinos (andrógenos), que pode ser clínico (pele oleosa, acne, aumento de pelos) ou laboratorial (elevação de testosterona e outros hormônios masculinos) e a presença de ovários com morfologia policística ao ultrassom. As mulheres com SOP tendem a apresentar maior deposição de gordura na região abdominal, e a associação com obesidade acaba por agravar as complicações metabólicas como diabetes tipo 2 e hipertensão arterial.

Como saber se há excesso de gordura abdominal na mulher? Uma forma bem simples é através da medida da cintura. Vários trabalhos já demonstraram que o ideal é que mulheres mantenham a cintura abaixo dos 88 cm. Mais recentemente os pesquisadores estão valorizando uma relação entre a cintura e a altura. O ideal é que nossa cintura seja no máximo metade de nossa altura. Por exemplo, se você tem 170 cm de altura, sua cintura não deve ultrapassar os 85 cm.

Uma pesquisa realizada com 754 mulheres conseguiu validar que a relação entre cintura e altura é bastante útil para identificar maior chance de ter a síndrome dos ovários policísticos, bem como maior risco de complicações metabólicas naquelas com a síndrome. Os pesquisadores concluíram que essa medida é sensível, barata, não invasiva, simples e fácil de calcular.
Que tal avaliar se você está com medidas adequadas? Basta dividir a medida da sua cintura pela medida da sua altura. Se tiver acima da metade, é um sinal de alerta. Um bom motivo para estabelecer uma boa alimentação e atividade física. Cuide-se!

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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