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Blog da Cintia Cercato

Estresse e redução das horas de sono colaboram para epidemia de obesidade

Cintia Cercato

17/11/2017 04h59

Passamos a comer por prazer e recompensa, em vez de comer por necessidade, como faziam os homens primitivos (Crédito: iStock)

Por que um blog para falar de obesidade e excesso de peso? Deve-se ao fato de que, sem dúvida alguma, representam um dos maiores problemas de saúde pública mundial. Neste ano a "The New England Journal of Medicine", uma das revistas médicas mais respeitadas publicou dados de prevalência de sobrepeso e obesidade de 195 países do mundo e o seu impacto sobre a saúde das pessoas. Os dados são alarmantes!

Desde 1980, a prevalência de obesidade dobrou em mais de 70 países e tem continuamente aumentado em muitos outros. São mais de 600 milhões de adultos obesos no mundo. E sabemos que engordar pode acarretar muitos males, como diabetes, doença cardiovascular e até alguns tipos de câncer. De acordo com esse trabalho, o excesso de peso foi responsável por mais de 4 milhões de mortes no ano de 2015.

Os dados do Brasil não ficam atrás. Obesidade cresceu 60% em dez anos, atualmente um em cada cinco brasileiros está obeso e mais da metade da população encontra-se com excesso de peso.

Mas afinal, por que isso está acontecendo?

Sabemos que o peso é determinado pela combinação da genética com o ambiente. Geneticamente, nosso corpo foi programado para poupar e estocar calorias. Chamamos esse fenômeno de "genótipo poupador". Pense como era a vida do homem primitivo: períodos de fome intercalados com períodos de disponibilidade de alimentos. Assim houve uma adaptação de nossos genes para facilitar o acúmulo de gordura quando era possível comer. E obviamente o mundo mudou.

A comida deixou de ser escassa, mas nossos genes continuam muito eficientes em estocar gordura. Deixamos de comer por necessidade do organismo e passamos a comer cada vez mais por prazer e recompensa, buscando alimentos ricos em açúcar e gordura. Sem falar que a vida moderna fez com que gastássemos cada vez menos energia.

O sedentarismo hoje é uma realidade em nosso meio. Mas certamente não é só isso. Muitos outros fatores têm sido implicados para justificar essa grande epidemia de obesidade. Estresse, redução do número de horas de sono, poluição, aumento da idade das grávidas, uso de ar-condicionado, entre outros.

A verdade é que nunca nos preocupamos tanto com nosso peso. Cada vez mais, queremos saber sobre tudo o que influencia aqueles números que aparecem na balança. Como consequência, ficamos suscetíveis a tantos modismos que não param de surgir em torno da dieta ideal ou mesmo daquele novo produto que faz você secar em poucos dias.

Será que temos que cortar o glúten e a lactose? E quem deve tomar remédios para emagrecer? Eles são seguros? O fato é que existem muitos mitos em torno desses temas. Mas existem também muitas verdades baseadas em pesquisas e trabalhos sérios. Daí a idéia do blog. Poder compartilhar com você informações interessantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade trazendo sempre as melhores evidências cientificas disponíveis.

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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- Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCbLI7AXyq3G2pyNDEL7zuvg

Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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