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Blog da Cintia Cercato

Você faz tudo para engordar e não consegue? Será que a magreza faz mal?

Cintia Cercato

02/03/2018 04h00

Crédito: iStock

É muito mais comum encontrarmos pessoas preocupadas com o excesso de peso, mas existe um grupo que ao contrário, sofre por ser muito magra. Não estou falando daquelas pessoas com anorexia nervosa, que são muito magras, mas se enxergam gordas e simplesmente param de comer. Anorexia nervosa é um transtorno alimentar grave.

Estou falando de pessoas tão magras quanto as anoréxicas, mas que fazem de tudo para engordar e não conseguem. Essas pessoas têm o que chamamos de Magreza Constitucional — definida como um índice de massa corpórea (IMC) menor do que 17,5 Kg/m2 (calcule o seu IMC).  São indivíduos que mantêm um peso sempre excessivamente baixo, mesmo sem fazer esforço algum ou ter qualquer tipo de doença ou distúrbio alimentar. São geneticamente resistentes à obesidade. Podem comer o que quiserem que a balança não se move.

Isso pode ser o sonho para muitas pessoas, mas quem tem magreza constitucional muitas vezes também sofre por não conseguir engordar. Os estudos mostram que esse grupo constitucionalmente magro apresenta um metabolismo mais acelerado e uma maior quantidade de um tipo de gordura que queima mais energia produzindo calor — o tecido adiposo marrom. Ou seja, mesmo comendo bem, não engordam.

Sorte? Nem tanto. Apesar de estarem livres da obesidade e seus riscos como o diabetes tipo 2 e pressão alta por exemplo, essas pessoas têm pior qualidade óssea estando mais suscetíveis a fraturas. Isso porque um dos maiores estímulos para a saúde do osso é a carga. Como essas pessoas são muito magras, perdem essa defesa. Além disso, quando analisamos as curvas de mortalidade de acordo com o peso vemos que quem tem baixo peso também tem maior risco de morte do que quem tem peso normal. Uma provável razão é que essas pessoas têm pouca reserva de energia e, numa situação complicada de saúde, quando o corpo é mais exigido, vai fazer falta não possuir mais gordura como fonte de energia.

Como quase tudo nessa vida, nem falta e nem excesso é bom. Assim, é importante que pessoas com magreza constitucional procurem o médico para orientações relacionadas especialmente a uma boa saúde óssea. Isso inclui exercícios apropriados com carga e uma boa alimentação rica em cálcio, além de adequada exposição solar para garantir bom estoque de vitamina D.

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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