Qualidade da alimentação de universitários brasileiros é muito ruim

Crédito: iStock
Nessa época de vestibular vemos o esforço dos jovens em conseguir a tão sonhada vaga na faculdade. A vida universitária é uma fase muito importante. É nela que existe a transição da adolescência para a idade adulta, os alunos começam a se tornar independentes de seus pais e passam a construir um estilo de vida próprio. Como boa parte do dia é gasto dentro do ambiente universitário, os hábitos adquiridos nessa fase de vida podem influenciar os hábitos alimentares e estilo de vida da fase adulta.
Pesquisas demonstram que os universitários tendem a ganhar peso, reduzem atividade física e passam a apresentar maior risco para o desenvolvimento de doenças crônicas. Estudos em outros países já demonstraram que os estudantes consomem muitos lanches, bebidas adoçadas e têm uma baixa ingestão de frutas e verduras.
Uma revisão de estudos brasileiros que abordam esse tema foi conduzida por pesquisadores da Universidade de Santa Catarina e trouxe dados preocupantes. A maioria das pesquisas constatou o baixo consumo de frutas e verduras, peixes e grãos integrais pelos estudantes. Além disso, foi observada uma alta frequência de universitários que "pulam" refeições e consomem muitos doces, bebidas adoçadas e também bebidas alcoólicas.
Alguns estudos ainda avaliaram o comportamento alimentar do universitário que vive na casa dos pais com aquele que se mudou para poder estudar. Claramente, aqueles que deixaram de viver com os pais pioraram o comportamento alimentar, ingerindo mais fast foods, alimentos prontos e bebidas alcoólicas. Deixar a casa dos pais para frequentar a universidade e ter que assumir responsabilidades como cuidar da alimentação acaba, portanto, tornando-se um problema para muitos estudantes. Conhecendo esse fato, devemos aproveitar a oportunidade para trabalhar a construção de hábitos saudáveis nessa etapa que vão certamente influenciar a saúde na idade adulta.
Outros estudos tentaram avaliar se estudantes da área de saúde tinham hábitos melhores que aqueles de outras áreas. A hipótese de que estar envolvido com o aprendizado de questões voltadas à saúde poderia influenciar positivamente as escolhas alimentares não foi comprovada. Estudantes de enfermagem e de medicina também tinham alimentação de qualidade ruim, com baixo consumo de frutas e verduras e elevado consumo de lanches.
Algumas pesquisas avaliaram barreiras e facilitadores para a aquisição de hábitos saudáveis durante a vida universitária. As principais barreiras relatadas foram falta de tempo, instabilidade financeira, falta de habilidades culinárias, falta de espaço físico para cozinhar. Já os facilitadores citados foram a disponibilidade de refeitórios universitários com alimentação saudável, apoio e incentivo à prática de atividade física com a presença de clubes e engajamento em jogos universitários.
Assim, o ambiente universitário é um lugar interessante para o desenvolvimento de políticas públicas que visam promover saúde e alimentação saudável na comunidade, podendo ter um impacto importante no desenvolvimento de doenças crônicas associadas ao estilo de vida ruim durante a vida adulta.
Referência bibliográfica: BERNARDO, Greyce Luci, JOMORI, Manuela Mika, FERNANDES, Ana Carolina, & PROENÇA, Rossana Pacheco da Costa. (2017). Food intake of university students. Revista de Nutrição, 30(6), 847-865.
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