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Blog da Cintia Cercato

Alimentação saudável aumenta chance de sucesso do tratamento da depressão

Cintia Cercato

05/04/2019 04h00

Crédito: iStock

A depressão está cada vez mais comum e atinge mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Dados da organização mundial da saúde indicaram um crescimento de 18,4% nos últimos dez anos. Atualmente 4,4% da população mundial sofre desse transtorno e o Brasil é o país com as maiores taxas da América Latina. São 11,5 milhões de brasileiros enfrentando esse problema. Essa condição pode acometer qualquer época da vida, porém é mais comum com o avançar da idade e em mulheres.

Transtornos depressivos afetam profundamente a qualidade de vida e a produtividade do indivíduo. O tratamento custa caro e deve ser individualizado podendo envolver psicoterapia e medicamentos. Mas, do ponto de vista de saúde pública, algumas estratégias vêm sendo estudadas com o objetivo de prevenir essa condição.

Evidências recentes têm sugerido que a nutrição tem um papel importante na saúde mental. Uma revisão de vários estudos avaliou o consumo alimentar e o risco de depressão. Foi verificada uma redução de 16% no risco do transtorno depressivo em pessoas que tinham um padrão de dieta saudável. Esse padrão consiste em alto consumo de frutas, vegetais, grãos integrais, carnes magras e peixe, além de produtos lácteos desnatados.

Muitos mecanismos tentam justificar esse achado. Uma dieta saudável tem propriedades anti-inflamatórias e esse efeito influencia a concentração de neurotransmissores que tem um papel na regulação das emoções e cognição. Os compostos antioxidantes presentes nas frutas e vegetais podem reduzir dano aos neurônios por diminuição do estresse oxidativo celular. Assim, a adoção de um padrão saudável de alimentação pode ter impacto na prevenção da depressão.

Mas será que a dieta pode influenciar a resposta ao tratamento de quem já sofre do problema? Esse foi o objetivo de um estudo piloto, ainda pequeno e de curta duração, que avaliou o efeito de melhorias da dieta em pessoas com depressão moderada a grave. Nessa pesquisa todos os participantes receberam o tratamento convencional da depressão (psicoterapia mais medicamentos), sendo que metade teve sessões individuais de aconselhamento nutricional, e a outra metade teve sessões de suporte social com a mesma duração de tempo.

O grupo que recebeu orientações de dieta apresentou melhora significativa em relação ao outro grupo. Após doze semanas, o controle da doença foi atingido em 32,3% dos pacientes que receberam orientação nutricional enquanto que apenas 8% do grupo que recebeu suporte social obteve o mesmo resultado. Os pesquisadores concluíram que a melhoria da dieta é uma estratégia complementar eficaz e acessível na abordagem de quem sofre de depressão.

Portanto ter uma boa alimentação não só previne uma série de doenças crônicas como também aumenta a chance de melhora com os tratamentos convencionais. Cuide-se!!

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
- Site: www.cintiacercato.com.br
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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