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Blog da Cintia Cercato

Obesidade no idoso: nunca é tarde para mudar os hábitos e ganhar mais saúde

Cintia Cercato

24/05/2019 04h00

Crédito: iStock

A obesidade é uma doença crônica, com sérias repercussões clínicas e o aumento de sua prevalência ocorre em todas as faixas etárias, incluindo a população de idosos, que representa um dos segmentos de maior crescimento da população. Com o aumento de expectativa de vida e grande epidemia da obesidade fica cada vez mais comum a presença de idosos obesos.

Existe uma série de modificações da composição corporal com o envelhecimento. O aumento da idade se acompanha de aumento da proporção de gordura corporal, redução de massa muscular e óssea, além de redistribuição da gordura corporal com maior acúmulo na região abdominal. Estas alterações decorrem de modificações hormonais que acompanham o envelhecimento como redução de hormônios sexuais, IGF-1 e DHEA.

Por conta das alterações de composição corporal, uma condição que deve ser avaliada no idoso é a chamada obesidade sarcopênica, em que há o excesso de gordura abdominal associada a redução importante da massa muscular e função muscular contribuindo para o maior risco de queda e fraturas.

É muito mais comum no idoso com obesidade a perda da independência funcional, ou seja incapacidade de realizar aquelas atividades cotidianas, como sair da cama, tomar banho, vestir-se sozinho. Além da incapacidade, fragilidade e maior risco de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como disfunção cognitiva e demência, particularmente o Alzheimer. Estudos recentes determinaram que a obesidade em indivíduos com mais de 60 anos está fortemente associada com a diminuição de funções cognitivas como memória, por exemplo.

Apesar da obesidade no idoso estar claramente associada à fragilidade, à perda da independência funcional e à disfunção cognitiva, ainda é controverso na literatura se é seguro promover perda de peso em idosos, uma vez que a perda de massa magra poderia piorar a fragilidade. Por essa razão, o tratamento do excesso de peso em pessoas idosas deve sempre incluir exercícios de resistência muscular com o intuito de preservar e melhorar a função muscular. O principal objetivo do tratamento da obesidade no idoso é aumentar sua sobrevida livre de incapacidade e melhorar sua qualidade de vida.

Muitas pessoas acham que é uma missão impossível mudar o estilo de vida em pessoas idosas. Pensam que se a pessoa já viveu a vida toda com maus hábitos, dificilmente mudará agora que está mais velha. Isso é mito e a literatura médica mostra justamente o contrário. Pessoas idosas tem maior aderência a programas de mudança de estilo de vida que os mais jovens! Um dos maiores medos de quem envelhece é perder a independência funcional. Melhorar os hábitos alimentares e não se entregar ao sedentarismo são medidas importantes para evitar a dependência em atividades cotidianas. O importante é saber que nunca é tarde para deixar maus hábitos e ganhar mais saúde!

Sobre a autora

Cintia Cercato é médica endocrinologista pela USP (Universidade de São Paulo), que se dedica à obesidade desde que defendeu doutorado nessa área em 2004. É a professora responsável por essa disciplina na pós-graduação da Faculdade de Medicina da USP, onde desenvolve várias pesquisas sobre o tema. Foi presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) e atualmente é diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
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Sobre o blog

Este é um espaço com conteúdos relevantes sobre controle do peso, dieta, estilo de vida e tratamento da obesidade. Todas as publicações têm como base a melhor evidência científica disponível, garantindo informações de credibilidade.

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