O que é melhor para emagrecer: comer menos ou se exercitar mais?

Crédito: iStock
O peso corporal é determinado pelo equilíbrio entre o que comemos e o que gastamos de energia. Isso é chamado de balanço energético. Para emagrecer, precisamos deixar esse balanço negativo, ou seja, comer menos calorias do que gastamos. Assim, a base do tratamento do excesso de peso é a dieta e a atividade física. Mas será que é melhor comer menos ou fazer mais exercícios para ter resultados?
Pesquisas têm indicado que a dieta é mais eficiente que o exercício isolado em induzir perda de peso. Uma explicação para isso seria relacionada à adesão. Para muitas pessoas é mais fácil cortar 500 calorias do cardápio ao longo de um dia do que aumentar 500 calorias em atividade física, por exemplo. Mas não é somente isso. Mesmo que você consiga gastar essas 500 calorias com exercício, cientistas vêm demonstrando que a perda de peso promovida pela atividade física é menor do que a esperada pelo aumento do gasto energético.
O treino não é tão eficiente quanto a dieta para emagrecer devido a uma condição chamada de "compensação do peso" em resposta ao exercício. Estudos clínicos demonstraram que cerca de 30% das calorias perdidas com exercícios são recuperadas. Uma das estratégias que o organismo usa para isso é o aumento do apetite e maior consumo de calorias após a realização da atividade física.
No intuito de refinar o conhecimento a respeito do tema, pesquisadores americanos realizaram um estudo de seis meses de duração, com quase duzentos participantes, para identificar mecanismos de compensação, avaliando o efeito isolado da atividade física supervisionada sobre o metabolismo, comportamento alimentar, composição corporal e crenças relacionadas à saúde.
No estudo, os participantes foram divididos em três grupos. Uma parte dos participantes não fez exercício e foi o controle para os outros. O segundo grupo realizou a atividade física recomendada em diretrizes de saúde geral que representa um gasto semanal de cerca de 700 calorias. Já o último recebeu a prescrição de atividade física mais intensa, semelhante à recomendada em diretrizes para perda de peso e que representava um gasto adicional de 1760 calorias por semana.
Como esperado, o gasto de calorias ao longo do dia de quem fez exercício foi maior, no entanto, a perda de peso foi de apenas 36% e 40% dos valores previstos, indicando que a compensação foi observada em ambos os níveis de exercício. A grande razão encontrada nesse estudo para explicar a compensação foi o aumento do consumo de calorias, que foi de aproximadamente 91 calorias ao dia no grupo de atividade física leve e 124 calorias a mais no grupo com atividade física mais intensa.
Entretanto, a perda de peso foi bastante variável entre os participantes que se exercitaram, indicando que existem pessoas que "compensam" mais o gasto induzido pelo exercício. Essas pessoas, além de sentirem mais fome, acreditavam que realizar atitudes saudáveis poderia compensar seus hábitos não saudáveis –ou seja, continuaram se alimentando mal.
Os resultados desse estudo sugerem que o foco de uma intervenção para perda de peso deve ser a redução do consumo de calorias, e que a atividade física poderá ter seu impacto reduzido, se não for aliada ao controle alimentar. Combinar as duas intervenções, dieta e atividade física, será sempre a melhor opção.
Referência bibliográfica:
– Corby K Martin et al. Effect of different doses of supervised exercise on food intake, metabolism, and non-exercise physical activity: The E-MECHANIC randomized controlled trial, The American Journal of Clinical Nutrition, jun 2019.
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